ENTRE A RAZÃO E A EMOÇÃO: A sucessão é essencial para a continuidade da propriedade rural

Às vezes, penso que da forma como o pai se comporta, ele não quer que eu trabalhe na propriedade…

Reconheço que 30 anos à frente da propriedade é muito tempo. Mas não vejo como meus filhos poderiam assumir a gestão, é muito complicado…

Tenho um irmão, mas ele não quer saber da empresa da família…

As falas que mais escuto, tanto em pesquisa ou quando procurada para realização de planejamento patrimonial e sucessório, são as que relatei acima e posso afirmar: todas as empresas rurais familiares possuem problemas.

A maior parte destes problemas está no comportamento e atitude dos membros da família. A continuidade da propriedade e a harmonia entre os membros da família dependem de identificar os conflitos e trabalhá-los tecnicamente, separando-os da emoção.

A manutenção da harmonia entre os familiares é o que determina a chance de continuidade da empresa familiar rural.

Os pais devem apoiar os filhos, mas sem exagerar na emoção. As mães devem entender que conflito não é de todo ruim e que, se houver conversa, não afastará os filhos do convívio familiar. Os filhos devem se interessar pela propriedade, entender como ela funciona e, se for de vontade deles, sair para trabalhar em outras empresas para criar maturidade profissional.

Já para os fundadores, o principal conselho é falar sobre sucessão, o quanto antes, sem preconceito, entendendo que estão falando sobre continuidade de forma positiva.

Quebre os tabus de falar sobre a finitude. Tirem o elefante do meio da sala, quanto antes ele sair, mais tempo de convívio em família vocês terão. Ainda, não deixem de preparar os herdeiros, pois se eles forem sucessores, se decidirem por arrendar ou vender a propriedade, vão precisar de conhecimento sobre a atividade.

Estar entre a razão e a emoção em um negócio familiar é o mais normal que pode acontecer. O que não pode acontecer é deixar a emoção tomar conta e não levar em consideração que o negócio é racional e não aceita conflitos entre os familiares.

Famílias são emocionais, empresas familiares rurais são racionais.

Quando a família entende como funciona a sucessão de patrimônio (legislação) e a sucessão geracional (gestão) e como podem ser planejadas e organizadas, gerenciando os conflitos de forma racional, há sucesso na continuidade da empresa familiar rural.